quinta-feira, 1 de julho de 2010

Sábado confirmado!

Meu caros amigos, fiéis sambistas da rua. Antes de publicar por aqui o belo texto que nosso querido Renato Martins fez para o Samba da Ouvidor, gostaria de lembrar mais uma vez que sábado agora, dia 3 de julho, faremos nossa roda normalmente na esquina de Rua do Ouvidor com Rua do Mercado. Começa às 15.
Agora o texto:
Samba da Ouvidor

Nenhuma emoção é tão sincera quanto aquela que surge quando a gente samba na rua. O samba vem e estendemos o coração para ele passar por cima com a delicadeza do mestre-sala que corteja a dama do estandarte. Ela é a própira rua e o céu, sua bandeira hasteada com estrelas cravadas, tremulando. Dois amantes arfantes querendo nos arrebatar: a rua e o samba. Deixemos o mar para o silêncio de depois.
Ah, e a poesia é pra se apoderar mesmo, tá certo?

Eu, como bom sambista que sou, gosto é de andar pela rua e encarar de frente a face dos velhos casarões que a noite vai cobrindo, a cada samba cantado, murmuradoigual reza de amor nos ouvidos das mocinhas. Quando cai o breu, o olho acende qual duas lamparinas que só vão se apagar quando o dia retornar ao seu posto de desmancha prazeres. Um chato.
Naquela antiga rua que todos já sabem de cor o caminho, aquela que tem a trilha dourada que vai até onde o amor se suicida com mais beleza: o mar.
Sou Ouvidor de plantão, de balcão e de meio fio. E tava lá, quando o samba passou equilibrando um copo cheio de mágoa na cabeça. Malabarista das minhas tristezas e das do mundo. Eu vi quando ele foi do fraque ao trapo, da menta ao Velho Barreiro escorrendo no canto da boca, que tinha de sábia o que não tinha de dentes. Eu vi de tudo e o que não vi, foi porque fechei os olhos. Sabe, malandro, é que tem muita luz bem mais suja que a escuridão. Ê, que os versos do meu irmão são pra sempre, hein?

O samba é negro tal qual o lamento da segunda-feira. Mas quando o corpo cansa de apanhar, é pra lá que ele vai. E o velho Ouvidor sacana, sentado no topo da catedral, cospe nas cabeças desavisadas lá de baixo que não se deram conta que o samba vai ser um transeunte constante que vez ou outra, a caminho da Rua do Mercado, vai passar ali assoviando um canto de despedida como o pivete nos tímpanos da madame: " Perdeu, vovó!!! " O velho Ouvidor vai chorar quando ouvir lá longe um samba do Paulinho falando das coisas que estão no mundo e quando o coro for mais forte, a arrebentação vai se misturar e tudo será uma coisa só, mar e samba, samba e mar. O apito que acordava aquele mundaréu de zinco não percorre mais as vielas verde-rosa do Buraco Quente, mas aperta o coração de quem vai rumo à Ilha dos Amores. Dos meus amores... Tá tudo em casa. É o samba, gente!!!!!

Não é por nada não, mas quem é que ficaria de fora? Ora, francamente! Bora que tem tudo isso no sábado próximo. Se beber, vá a pé. Só assim pra perceber o samba quando ele passar...

Renato Martins

Ps1.: a música do irmão a que ele se refere, é Samba da Escuridão, do próprio Renato em parceria com Roberto Didio, nosso irmão conjunto, e Tuco e pode ser baixado clicando AQUI!

Esse samba faz parte do trabalho Cidade das Noites, que pode ser conferido aqui, e é cantado lindamente pela cantora Anabela, de quem eu sou fã de carteirinha.

Ps2.: a foto, foi tirada pela frequentadora Thais Fagundes. Para ver a galeria de fotos da Thais, com fotos do nosso samba e outras belas fotos, é só clicar aqui!

Até sábado!

Abraços!

Ass.: Gabriel Cavalcante ( da Muda )

3 comentários:

Anônimo disse...

Estaremos por lá sábado na bela e histórica Ouvidor outra vez, pois o samba lá surge dos nobres companheiros jovens que elevam o samba ao seu devido lugar, que possamos durante muitos anos ouvir aqueles que não permitem que o samba se perca na busca do vil metal.

Forte abraço.

Pablo

Marcus Vinicius Caldeira disse...

Estive lá. Com todo o respeito a todas as outras, mas é a melhor roda da cidade. O que que é a música "Rebu na Encruza" que levaram lá. Muito engraçada! Uma obra popular!

Valeu, Gabriel.

Dia 17, estarei lá!

Abraços,

Velho.

Marão da Portela disse...

Uma caravana de bambas de Campo Grande chegará ao local com pelo menos 5h de antecedência; só pra entrar no clima.

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