sexta-feira, 3 de abril de 2009

Mestre Basile


Lembro-me como se fosse ontem: " Ae Tião, dá uma gelada que o garoto quer provar e eu vou ensinar pra ele algumas coisas aqui (...) "

Era o meu querido ídolo Basile me iniciando nesse fantástico mundo boêmio, mundo que o batuqueiro dominava plenamente.

É complicado para mim falar dessa pessoa tão maravilhosa que é Luis Carlos, porém, gostaria de transcrever aqui um lindo texto de Renato Martins, que por falta de oportunidade esteve com o mestre apenas uma vez.

" " O Momo é o único bar que amei... "

Fim do ano passado, os versos do Aldir ganharam vida numa imagem pra lá de especial e que guardo na lembrança com carinho.

"Meu coração tem botequins imundos Antros de ronda, vinte-e-um, purrinha, Onde trêmulas mãos de vagabundoBatucam samba-enredo na caixinha"
O botequim, adorávelmente sujo, em questão, é o bar do Momo. Pé sujo tijucano, nos moldes perfeitos de um cartão postal pra exibir aos que desconhecem o que há de melhor na cidade de São Sebastião. O Rio do Cristo não me seduz. É oRio dos pés-sujos, aquele que o meu coração guardou. É o Rio do Momo. E no Momo foi onde adiquiri a paixão febril pelo maracujá cuado, hoje apreciado por tanta gente, cá nessas bandas frias de Sampa.

O vagabundo da vez, não batucava samba na caixinha, o que vem comprovar que o sambista não só não precisa ser membro da academia, como também não precisa de nada mais que as mãos e um pouco de desenvoltura pra armar um samba. Foi assim, fazendo o ritmo, batendo as mãos - trêmulas - na mesa, que ele cantou os sambas-enredo mais diversos e desconhecidos, pra deixar qualquer pesquisador mantendo a pose, abrindo e fechando a boca sem emitir qualquer som.Orgulhoso, ele dizia: "Não tem quem conheça mais sambas-enredo que eu!". E, acho que ele estava certo.
Basile, boêmio velho, contou-nos antigas histórias de algumas aventuras da mocidade. A maioria delas, impublicáveis e ficarão no sótão, dentro do baú, com garrafas vazias e algumas boemias adiquiridas pela vida afora.
Uma prova de que Deus existe é não é bobo, é a falta de explicação para ausências como essa.
O lado de cá tá ficando cada vez mais chato, mais vazio, mais escuro. Sigamos.

Daquele dia, ficou um convite do velho, pára que fôssemos vê-lo cantar sambas-enredo num bar na própria Tijuca. A falta de tempo, a distância e mais um bocado de eventuais impedimentos estúpidos, não nos permitiu atender o pedido do amiguinho novo. Uma pena.
Daquele dia também ficou uma enorme satisfação de ter, por poucas horas, confraternizado algumas muitas cervejas junto com esse grande camarada - nem precisa dizer - que vai deixar só saudades.

Basile! Vai em paz, mano velho. "

Impressionante como um dia ao lado do mandigueiro da Muda foi o suficiente para saber o quanto o cara era foda.

- Ae Tonhão, desce um "cerveja de malandro" pra gente brindar em homenagem ao Mangueirinha.

Beijo Mestre!

5 comentários:

Juliano disse...

Semana passada estava assistindo o documentário "Dia de Feira" e lembrando do Mestre Basile, que pouco conhecia, mas nutria admiração. Enorme perda.

Anônimo disse...

Boa Tarde!

Amanhã (04/04) terá samba??

Thiago Panza Guerson disse...

Muito bom o texto!
Abração!

PH disse...

Gabriel, estava conversando outro dia com o guilherme sá de fazermos uma roda de samba em homenagem a ele. Realmente uma figura que faz muita falta.O que acha da ideia?
PH

PH disse...

Gabriel, estava conversando com o Guilherme Sá de fazermos uma roda de samba em homenagem a ele agora perto do carnaval, o que acha da ideia?
Um abraçao PH

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